segunda-feira, 7 de abril de 2008

O álcool nas estradas

Os acidentes de viação constituem, na União Europeia (UE), um grave problema de saúde pública, tendo sido responsáveis em 1998 por cerca de 43 000 mortos e 150 000 deficientes. Nos países industrializados são já a oitava causa de morte e, em Portugal, a sétima (1999). Portugal é o país da UE com a taxa mais elevada de mortalidade rodoviária.

Numa perspectiva mundial, o número de mortos por acidente de viação é mais elevado do que o tumor maligno mais frequente (cancro do pulmão).

O alcoolismo é um dos principais e dos mais graves problemas de saúde que a Europa enfrenta. Estima-se que um quarto das mortes dos europeus do sexo masculino do grupo etário dos 15-29 anos é atribuível aos efeitos adversos da ingestão excessiva de álcool.
Nalguns países da Europa de Leste, aquele número chega a atingir um terço.

Em Portugal, os acidentes de viação são a principal causa de morte em crianças, adolescentes e adultos jovens com idades compreendidas entre 1-25 anos. A mortalidade dos jovens do sexo masculino é três vezes mais elevada do que a do sexo feminino, em grande parte devido a acidentes.


De uma forma geral, na UE, a média de indivíduos que conduzem com Taxa de Álcool no Sangue (TAS) acima dos limites legais ronda os 3%, enquanto esta percentagem se eleva para 25% quando se considera os condutores envolvidos em acidentes de viação fatais.
Três por cento de condutores em Portugal, por dia, equivalem aproximadamente a 90 000 condutores com excesso de álcool no sangue.
Em Portugal, a dimensão do problema é ainda maior dado que, actuando de modo sinérgico, se juntam duas características muito próprias dos portugueses:

1. Deterem a taxa mais elevada de mortes por acidentes de viação da União Europeia e uma das mais elevadas dos países industrializados, com a média anual nos últimos 5 anos de aproximadamente 2000 mortos;
Portugal tem também uma das taxas mais elevadas do Mundo, considerando o número de mortos por milhões de quilómetros percorridos (dos países que apresentam estatísticas): está nos 15 primeiros atrás de países como o Egipto, Sri Lanka, Iémen, Albânia, Equador, México.

2. Deterem um dos mais elevados consumos mundiais de álcool, per capita.
O risco de morrer numa estrada em Portugal é 4 vezes superior à dos países com taxas de mortalidade mais baixas. Por exemplo, a região do Alentejo tem a taxa de mortalidade mais elevada de duas centenas de regiões dos quinze Estados-Membros da UE, com 406 mortos por milhão de habitantes (Eurostat, 1998).

De forma semelhante, o risco de um condutor do sexo masculino de 15-24 anos morrer na estrada na região do Algarve (1050/106) é 40 vezes superior ao mesmo risco global para a generalidade do cidadão alemão em Berlim/Hamburgo (25/106).

Portugal tem a taxa de mortalidade global mais elevada da UE nos jovens do sexo masculino dos 15-24 anos (159/105), em parte devido aos acidentes rodoviários, (Holanda 61/105, Suécia 56/105). Portugal e a Grécia foram os únicos países em que, neste grupo etário, se assistiu ao aumento do número de mortos ao longo dos últimos dez anos, ao invés da tendência decrescente dos restantes países.
Em Portugal, na última década, morreram na estrada aproximadamente 23 500 indivíduos (20 219 adicionados a 14% dos feridos graves que vêm a falecer, segundo o factor de correcção sugerido pelo Eurostat) e ficaram feridos cerca de 660 000.

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